quinta-feira, janeiro 20, 2011

Ate

Não há nessa vida agonia maior em forma de sentimento que o ciúme.
Todo ciúme é doentio. Alguns um pouco mais, outros um pouco menos, mas ainda assim todos o são.

Aquela sensação de coçar a espinha, latejar a cabeça, gelar o estômago e colar o pulmão. Algo que acelera a circulação e dilata a pupila, quase como em um caçador prestes a atacar sua caça.
Sempre tão poético, no limite da decadência humana. O ciúme descontrolado, histérico; ou o ciúme reprimido. Tanto faz.
É a intimidade particular que atravessa as barreiras da fixação; que arrebenta com todos os limites de uma mente sã. O ciúme que adoece, que perturba, que arranha, que dói até nos lugares menos vulneráveis; dói nos ossos. Ele cega com seus pensamentos pontiagudos e ensurdece com a sua sinfonia repetitiva e desarmoniosa. É capaz de atingir qualquer um e deixá-lo inteiramente a mercê de sua própria vulnerabilidade.

Impressiona como tal sentimento, criado pela capacidade de raciocinar, se torna, com o tempo, tão irracional.
Sem exceção, todo ciúme é uma doença; todo ciúme é digno de uma consequência, grave ou não, na concepção de quem o sente.