tag:blogger.com,1999:blog-4973307679548656672024-03-12T22:59:11.517-03:00sous-sol; les mots derrière le silenceJuliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-13633987293004997652014-01-20T11:14:00.000-02:002014-01-20T15:31:23.033-02:00Obsessão<span style="font-family: inherit;">Primeiro, a sensação de prazer, que excita e arrepia a espinha;</span><br />
<span style="font-family: inherit;">A ansiedade que gela o estômago, que seca a boca.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O diafragma se enche d'água, inunda o peito</span><br />
<span style="font-family: inherit;">e a respiração fraca descompassa.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
Os dentes cerram, a pupila dilata;</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Me pego com as pernas tensas e os dedos inquietos.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Uma descarga de adrenalina me toma; um choque elétrico</span><br />
<span style="font-family: inherit;">que acelera o cérebro, que encharca a alma.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
Eu respiro adrenalina, eu me afogo em suas ondas, eu afundo;</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Eu me entrego, e é tudo o que sei, tudo o que sou.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O mundo não passa de um túnel vermelho, cheio de luzes.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Tudo se movimenta, tudo gira. Meus olhos giram</span><br />
<span style="font-family: inherit;">e a saliva espuma densa no canto da boca.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
O suor gelado escorre na nuca,</span><br />
<span style="font-family: inherit;">mas o sangue escorre ainda quente nas mãos.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />Desista, meu amor! Não há para onde ir.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Seu calor agora é meu.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Sua alma é minha alma.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Sua carne, minha carne.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
Minha posse. Minha caça.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Beberei do seu sangue, devorarei suas vísceras.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Me alimentarei deste nobre banquete</span><br />
<span style="font-family: inherit;">como se fosse minha primeira e última refeição.</span>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-75650402135930461382011-10-15T14:23:00.000-03:002014-01-20T13:31:34.462-02:00O poço é sempre mais fundo do que imaginamos.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Você, assim, meio sem querer, vai descendo pedra por pedra. Você sabe dos perigos, e sabe que algo está errado, mas mesmo assim não pára. Desce mais e mais, em direção ao fundo. Ao chegar lá, percebe que aquilo que parecia o chão é na verdade um monte de água escura e fria.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E aí você cai e afunda. Você afunda até submergir os braços, o pescoço e depois o rosto. No final não resta nem um fio de cabelo fora d'água.</span></div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">De repende, você se dá conta de que está afundando cada vez mais, como se algo te puxasse para baixo. Você tenta lutar contra. Tenta agarrar nas pedras lisas e subir, mas aquilo continua te puxando. Você está fraco. Você precisa respirar.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Em uma dor angustiante, a água inunda seus pulmões e sua mente rodopia. Você pensa que talvez alguém sinta a sua ausência e te encontre.</span></div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Talvez alguém te salve e aí... quem sabe...</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">...</span></div>
</span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: inherit;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Seu corpo repousa suavemente no chão, imóvel. Engolido pela escuridão total. O silêncio é abafado pelo peso da água em seus ouvidos.</span></div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não há mais nada: luz, angústia, consciência. Apenas a água que logo dissolverá sua carne podre e sumirá com os últimos resquícios de uma vida decadente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tudo ficará em paz agora.</span></div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-5707613226996081342011-01-20T10:37:00.007-02:002014-01-20T13:31:41.739-02:00Ate<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Não há nessa vida agonia maior em forma de sentimento que o ciúme.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Todo ciúme é doentio. Alguns um pouco mais, outros um pouco menos, mas ainda assim todos o são.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Aquela sensação de coçar a espinha, latejar a cabeça, gelar o estômago e colar o pulmão. Algo que acelera a circulação e dilata a pupila, quase como em um caçador prestes a atacar sua caça.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sempre tão poético, no limite da decadência humana. O ciúme descontrolado, histérico; ou o ciúme reprimido. Tanto faz.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">É a intimidade particular que atravessa as barreiras da fixação; que arrebenta com todos os limites de uma mente sã. O ciúme que adoece, que perturba, que arranha, que dói até nos lugares menos vulneráveis; dói nos ossos. Ele cega com seus pensamentos pontiagudos e ensurdece com a sua sinfonia repetitiva e desarmoniosa. É capaz de atingir qualquer um e deixá-lo inteiramente a mercê de sua própria vulnerabilidade.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Impressiona como tal sentimento, criado pela capacidade de raciocinar, se torna, com o tempo, tão irracional.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sem exceção, todo ciúme é uma doença; todo ciúme é digno de uma consequência, grave ou não, na concepção de quem o sente.</span></div>
</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-51360882142707318772010-12-07T17:06:00.011-02:002014-01-20T13:31:51.046-02:00Terça-feira Santa<div>
<blockquote>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O despertador tocou às sete horas em ponto; às sete e dez eu já havia levantado. Me arrumei com calma, separei minha marmita e saí. Peguei o ônibus; quarenta minutos depois, desci no terminal. Andei três quarteirões e cheguei à loja mais ou menos dez pras nove. Como de costume, liguei as luzes e os equipamentos, recolhi e organizei os materiais do dia anterior. Destranquei a porta principal e me acomodei no meu posto do balcão. Era véspera de natal e a cidade estava vazia, então quase não havia movimento e tudo parecia em paz. Passei a manhã sentada em minha cadeira com um sentimento de tranqüilidade dentro do peito; conseguia - apesar do sono que me batia hora ou outra - pensar muito claramente e até o silêncio e a luz entrando pela janela me pareciam inevitavelmente nostálgicos. Eu gastava as horas entretida em um livro e, apesar das interrupções esporádicas dos poucos clientes que apareciam, nada seria capaz de me perturbar naquele momento. O relógio foi chegando perto do meio-dia e tudo estava de fato muito agradável. Eu lia as últimas páginas do livro e estava profundamente compenetrada na história e nos meus pensamentos.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Tudo estava ótimo, até que ela entrou pela porta.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Logo que a vi, já pude prever o que aconteceria. Conforme ela se aproximava, toda a paz que me cercava sumiu, como que em uma fuga desesperada; eu quase fiz o mesmo. Não poderia ser diferente, logo que chegou ao balcão, sua boca abriu e aquele som estridente que ela ousa chamar de voz ecoou por todo o vazio da loja, cortando o silêncio como alguém que rasga uma seda no meio. Fiz de tudo para tentar evitá-la, ignorá-la. Quem sabe, pensei eu, por algum milagre, ela resolve ter bom senso. Maldita ingenuidade. Mal entrou no balcão e já foi se apossando do espaço, espalhando suas tralhas e contando casos atrás de casos: o acidente de carro, o ônibus atrasado, o décimo terceiro que ainda não chegara e os salgados da lanchonete local que estavam sempre frios. Eu tentei me conter, mas aquilo foi me tirando a razão. Não conseguia ler sequer uma linha sem perder a concentração pela metade e precisar relê-la do começo. Eu devia fazer algo!, tomar uma atitude em relação àquela petulância toda.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Me levantei em um salto e ela parou por um segundo, mas mal se importou e logo voltou a tagarelar. A expressão de seu rosto era uma das coisas mais irritantes que já tive o desprazer de conhecer. Ela permanecia em seu monólogo e eu fui me aproximando aos poucos. Seus olhos estavam voltados para as fichas cadastrais, as quais ela passava e repassava entre os dedos sem o menor propósito enquanto se balançava na cadeira, fazendo com que a mola gemesse repetitivamente; me aproveitei da distração para dar o bote final.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Quando segurei seu pescoço fino e flácido entre os meus dedos, a voz cessou de imediato e a face se voltou para mim, aterrorizada e com ar de indignação. Na medida em que eu fechava a mão, afundando-a entre uma veia verde e meia dúzia de rugas, o lábio foi se tornando púrpura e os olhos incharam para fora como os de um gato atropelado. O sino da porta soou, indicando a entrada de algum cliente; avistei através do balcão um senhor grisalho, de casaco e chapéu marrons. Me abaixei, arrastando-a para fora da cadeira. Ela se debatia um pouco e eu a segurei no chão com todo o meu peso; não sei ao certo se tentava falar ou respirar, mas o silêncio era reconfortante demais e segurá-la valia o risco no momento; apertei-a com mais força para abafar os ruídos. O senhor até então olhava em volta, à procura de alguém para atendê-lo. Dois minutos se passaram e ele pareceu desistir da idéia e começou a fuçar em mercadorias aleatórias, vagando pelas prateleiras. Permaneci abaixada no balcão enquanto sentia a respiração da mulher ceder aos poucos. Por fim, as fichas deslizaram dos dedos mortos direto no piso de madeira. Me aproximei de sua boca para ter certeza de que não existia trânsito de ar em seus pulmões. Nada. Sutilmente, deitei sua cabeça no chão e me afastei, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho.</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Retirei meu uniforme e coloquei minha roupa casual - creio que demorei quase dez minutos para fazê-lo. Peguei minhas coisas e engatinhei até o lado direito do balcão. O senhor olhava os tabuleiros próximos à porta, de costas para mim. Me levantei, desamassei as roupas, prendi os cabelos e fui, passo por passo, até a saída. "Boa tarde", disse ele. Respondi com um aceno cortês de cabeça e um sorriso. O corpo continuava lá, imóvel. Saí da loja e fui almoçar.</span></div>
</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-5710175832613142832010-12-06T01:07:00.006-02:002010-12-06T02:25:27.234-02:00Fotos<p>Andei dando uma revirada aqui e achei algumas fotos que eu tirei, então:</p><p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlf-4VTgI/AAAAAAAAAUI/O-9lK9un4N4/s1600/DSC07818.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlf-4VTgI/AAAAAAAAAUI/O-9lK9un4N4/s400/DSC07818.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547420441143234050" /></a><br /></p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlfsLO4JI/AAAAAAAAAUA/T5Y4BEa_bBk/s1600/DSC_0708.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlfsLO4JI/AAAAAAAAAUA/T5Y4BEa_bBk/s400/DSC_0708.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547420436122230930" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlfs4OENI/AAAAAAAAAT4/i3w3N7eZQFA/s1600/DSC07501.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlfs4OENI/AAAAAAAAAT4/i3w3N7eZQFA/s400/DSC07501.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547420436310921426" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlgNWBn4I/AAAAAAAAAUQ/Zj7FDL338cM/s1600/DSC07841.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxlgNWBn4I/AAAAAAAAAUQ/Zj7FDL338cM/s400/DSC07841.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547420445025869698" /></a><br /><p><br /></p><p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxftMBWn8I/AAAAAAAAATo/xyr2jl6KWOY/s1600/DSC08084%25281%2529.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxftMBWn8I/AAAAAAAAATo/xyr2jl6KWOY/s400/DSC08084%25281%2529.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547414070939262914" /></a><br /></p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfsB6sQFI/AAAAAAAAATg/5I1UYAWFCIE/s1600/DSC07506.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 303px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfsB6sQFI/AAAAAAAAATg/5I1UYAWFCIE/s400/DSC07506.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547414051047096402" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfq5jtGQI/AAAAAAAAATY/pRPUuHi3xJw/s1600/DSC_0644.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 268px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfq5jtGQI/AAAAAAAAATY/pRPUuHi3xJw/s400/DSC_0644.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547414031623330050" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfqDl9v5I/AAAAAAAAATQ/KxnIEBmg9uI/s1600/DSC07847.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfqDl9v5I/AAAAAAAAATQ/KxnIEBmg9uI/s400/DSC07847.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547414017137295250" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfuDDoW6I/AAAAAAAAATw/MDJFXnzpAXI/s1600/DSC00135.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TPxfuDDoW6I/AAAAAAAAATw/MDJFXnzpAXI/s400/DSC00135.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5547414085712763810" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><p><br /></p><p><br /></p>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-77778888594360574352010-11-30T19:11:00.006-02:002014-01-20T13:31:59.751-02:00Reflexão<div style="text-align: justify;">
Talvez eu tenha passado muito tempo correndo atrás de uma satisfação profissional que de fato não sabia o que era. Estudar, construir uma boa carreira, uma vida. Ter dinheiro, reconhecimento, status, talvez. Mas não, não é essa a verdadeira vontade que me move. O objetivo de tudo, além de alcançar as pequenas satisfações perversas do dia-a-dia, é o de auto-destruição.</div>
<div style="text-align: justify;">
Antes pensaria que construir era algo útil e contínuo, e hoje percebo que é exatamente o oposto. Não estou supondo que seja ruim ou que eu não queira construir - eu de fato quero - mas agora enxergo o verdadeiro propósito aqui: não construo coisas à toa, mas as faço com a intenção final de destruí-las para logo após construir algo novo no lugar, e assim seguir esse ciclo até o fim dos meus dias. Esse é o verdadeiro sentido das coisas, o truque da "felicidade": <em>não permanecer inerte</em>. A inércia é entediante, e pessoas como eu precisam de algo a mais, ainda que nesse algo não venha acoplado sentido ou sucesso algum. Mas a felicidade em si é algo muito relativo, não é? Por fim, seja uma pequena perseguição doentia ou um plano maluco ou uma mudança brusca de fatos, a questão é sentir-se vivo, e aí é que entra a busca por aquela velha cócega prazerosa na barriga, muitas vezes provida por coisas nada racionais que o subconsciente decide querer.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-79524508734868003892010-11-19T19:04:00.006-02:002014-01-20T13:32:13.919-02:00Não finja...<div style="text-align: justify;">
... que você é feliz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não fale dos outros com tal arrogância, antes de descobrir o que é senso de auto-crítica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não arrisque teorias fajutas sobre o mundo, se você nunca pôs os pés nele.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não faça discursos vagos sobre o certo e o errado se não pretende segui-los à risca.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não julgue a maneira de pensar e de agir dos outros com tamanha rigidez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não desmereça as conquistas alheias só porque você não foi capaz de fazer o mesmo.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não ache que os outros segurarão sua mão de bebê gigante para proteger seu ego.</div>
<div style="text-align: justify;">
E não espere que eles concordem com suas análises sem propósito.</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Não ache tudo tão patético,</div>
<div style="text-align: justify;">
pois quanto mais você tenta esconder as suas fraquezas, mais elas se evidenciam.</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
E cada vez mais a patética é você.</div>
<div style="text-align: justify;">
E cada vez menos os outros te levam a sério. </div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mas você não liga, não né?</div>
<div style="text-align: justify;">
Você não tem tempo a perder com os defeitos alheios.</div>
<div style="text-align: justify;">
Você é feliz sozinha e perfeita.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-39456284568464345582010-11-11T19:50:00.001-02:002014-01-20T13:32:21.911-02:00=)<div style="text-align: justify;">
A cada tosse, o meu pulmão faz um barulho semelhante ao da madeira fria estalando no fogo da lareira e tenho certeza que minha cabeça pesa, no momento, mais da metade do peso do meu corpo inteiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Minhas extremidades doem e minhas juntas coçam mais do que sarna em cachorro vagabundo. Meu décimo terceiro já se foi pela metade só nas contas da farmácia e já estou começando a fazer amizade com os médicos do hospital.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que pedi tanto por folgas que, de um jeito ou de outro, eu acabei conseguindo.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-36273941740225298582010-10-26T13:03:00.008-02:002014-01-20T13:32:32.083-02:00A Janela<div>
<div style="text-align: justify;">
Ontem, eu não fecharia a janela.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Não que eu olhasse muito para ela, porque me bastava um borrão de canto de olho</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
para eu saber que ela estava lá, ocupada em mostrar o que se passava no mundo.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Ontem, eu não ousaria fechar a janela.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez por falta de tempo, talvez por medo do escuro ou do silêncio, não sei.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez eu apenas não reparasse nela.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, porém, é ela que não me deixa fechá-la.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, ela engoliu as ruas, as pessoas e seus carros barulhentos,</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
transformou-os em meros granulados planos, sem vida.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, me entretenho com sua imagem incolor,</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
com seu chiado letárgico e estridente,</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
e com sua forma abstrata.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
E por mais que eu tente ignorá-la,</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
ela fica lá, como uma tela sem fundo,</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
reprisando o mesmo mundo</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
dia após dia, e noite após noite</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
me arrancando o sono</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
e o resto de sanidade.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Ontem, eu não costumava olhar para a janela.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, é ela que não pára de olhar pra mim.</div>
</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-36152057415557844812010-10-20T00:04:00.003-02:002014-01-20T13:32:51.108-02:00Apenas Idéias<div>
<div style="text-align: justify;">
Numa tarde quente e chuvosa igual a essa, o que eu mais queria era um lugar silencioso e alguns minutos pra descansar a cabeça. Mas lá estou eu, te ouvindo falar.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Você fala, como se todos os seus problemas fossem também meus. Como se eu fosse responsável pelas suas loucuras, e fosse obrigação minha controlá-las. E eu escuto.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Eu escuto pensando que, de fato, estou pouco me fodendo. Eu, na verdade, enquanto escuto, penso em todas as maneiras possíveis de te contrariar, de te desafiar. Penso nisso inclusive com um certo tom de diversão. Mas você consegue ser tão petulante que me dá raiva.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Por um segundo, me imagino fazendo maldades inigualáveis com a sua pessoa. Observo seus olhos, sua boca, seus cabelos. Seu tom de voz levemente vulgar. Tudo demasiadamente irritante, demasiadamente sistemático.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Lá fora o sol se abre e, no fundo de minha cabeça, repasso idéias vagas, montes delas, de como me livrar de você. Algumas mais cruéis, outras nem tanto. Divago desde assassinatos premeditados até recursos legais. Mas nada me parece útil. São apenas idéias.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Olho no relógio e deixo surgir um sorriso irônico. Logo lembro do silêncio, do ar fresco, da cerveja e do cigarro. Você enfim para de falar, e tudo que eu sinto se resume a uma frase:</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
"Pode deixar."</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
E, assim, tomo meu rumo, com um até logo e uma sensação de dever cumprido no peito.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia eu juro que não volto mais.</div>
</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-54298411581629935472010-10-10T19:12:00.004-03:002014-01-20T13:32:55.827-02:00SínteseFoi pela conversa,<br />
pela embriaguez<br />
de um dia cinza<br />
que doei as horas.<br />
<br />
Foi aos braços firmes<br />
e aos sussuros mornos<br />
destes lábios finos<br />
que cedi meus dias.<br />
<br />
E é para estes olhos<br />
que descansam quietos<br />
no escuro da sala<br />
que eu entrego a vida.Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-63280235926495869162010-10-07T08:48:00.002-03:002010-10-07T09:09:48.516-03:00Intervalo<div>No reflexo lento</div><div>do canto</div><div>do olhar desatento,</div><div>pra desgraça de uns</div><div>e alegria de outros,</div><div>o mundo sumiu no espaço</div><div>outra vez.</div><div><br /></div><div>Mas, como sempre, foi tudo só impressão.</div>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-1160470496639754982010-09-29T13:01:00.002-03:002010-09-29T13:04:47.128-03:00Às vezes...<div><br />... o tédio desperta a criatividade.</div><div><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TKNjO8S25FI/AAAAAAAAALE/7XliNs_eoRQ/s1600/desenhos.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 375px; height: 400px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/TKNjO8S25FI/AAAAAAAAALE/7XliNs_eoRQ/s400/desenhos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5522366676440900690" /></a><div><br /></div>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-12238624561465661432010-09-24T21:05:00.007-03:002010-09-24T21:48:42.716-03:00A gota A gota pinga<br /> sempre<br /><br /> Pinga sem parar<br /><p> Lá na poça do chão branco<br /> ela insiste em pingar<br /></p><br /> Pinga pinga<br /> Pinga pinga<p> E cada pingo faz soar<br /> lá no fundo da cabeça<br /> um singelo mal-estar<br /></p><br /> Ela pinga<br /> e<br /> novamente<br /><br /> Pinga<br /> e<br /> pinga<p> sem cansar<br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p>E quando finalmente cessa...<br /></p><br /><br /><p><br /></p><p>... Mal me esqueço dela</p><p> e ela</p><p> volta </p><p> a pingar.<br /></p>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-10228880861140625762010-08-12T19:56:00.002-03:002014-01-20T13:34:32.849-02:00Diz pra mim:<div style="text-align: justify;">
Ainda existem pessoas que se preocupam com uma real evolução? Nada religioso ou metafórico, mas algo que as façam progredir, de fato: um amadurecimento intelectual, profissional ou amoroso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fico abismada em ver como, hoje em dia, muitos não se preocupam nem um pouco com isso. Pelo contrário, permanecem congelados, estáticos, durante anos e anos, no mesmo ciclo psicológico que criaram quando eram meros adolescentes bestas. Me admira, REALMENTE, ver pessoas que antigamente faziam coisas bobas (naturalmente) e que, hoje, após 5, 10 anos, continuam a fazer as mesmas coisas, a viver as mesmas histórias e a pensar do mesmo jeito. E me admira ainda mais ver que, em grande parte das vezes, a pessoa faz isso ainda crendo plenamente que está sendo muito excêntrica e muito chocante aos olhos dos outros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho que ser sincera, o que choca de fato é ver um ser de 20, 25, 30 anos se comportando como um adolescente de 15, com os mesmos "estilos", com os mesmos "joguinhos" e com as mesmas opiniões precipitadas e esgoístas. Pessoas completamente despreparadas, que esqueceram de crescer, e que (apesar de se acharem muito independentes) não conseguem assumir nem sequer a simples responsabilidade de trocar a própria fralda (ou de ganhar o próprio dinheiro que gastam).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim, nada demais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apenas um comentário um tanto rabugento mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só acho que isso é muita falta do que fazer.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-21330070400780326812010-06-21T21:27:00.002-03:002010-06-21T21:33:18.541-03:00Cálice - Chico Buarque"Talvez o mundo<br /> Não seja pequeno,<br /><br /> Nem seja a vida<br /> Um fato consumado.<br /><br /> Quero inventar<br /> O meu próprio pecado.<br /><br /> Quero morrer<br /> Do meu próprio veneno.<br /><br /> Quero perder de vez<br /> Tua cabeça,<br /><br /> Minha cabeça<br /> Perder teu juízo.<br /><br /> Quero cheirar fumaça<br /> De óleo diesel,<br /><br /> Me embriagar<br /> Até que alguém me esqueça."Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-53699922004989604102010-05-14T10:29:00.005-03:002014-01-20T13:33:38.118-02:00Por que...<div style="text-align: justify;">
... muitas vezes tentamos levar com a barriga algo que, de um jeito ou de outro, sabemos que não foi feito para nós?</div>
<div style="text-align: justify;">
Muitas vezes nos vemos encurralados, sem tempo, sem dinheiro, sem trabalho. Mas se pararmos para analisar a vida em si e todas as suas opções cabíveis, veremos que elas vão muito mais além do que pensamos. Isso porque crescemos com a idéia de observar tudo por baixo e não ousamos nos imaginar em lugares altos. Aprendemos que a humildade e a honestidade são a garantia de uma vida plena, e acabamos por nos colocar dentro de limites psicológicos que criam um ciclo irritantemente vicioso, e tudo por medo de arriscar. Tudo porque aprendemos que as coisas devem ser feitas com calma e paciência. Que devemos fazer o nosso trabalho árduo e miserável sem reclamar, pois afinal, quantas pessoas não gostariam de estar no seu lugar, certo?</div>
<div style="text-align: justify;">
Justo mesmo é trabalhar pra caralho pra encher o rabo de quem quase não trabalha de dinheiro. Mas sim, a sociedade não seria nada sem sua mão-de-obra barata, não é mesmo?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
E então me pergunto:</div>
<div style="text-align: justify;">
Onde será que isso tudo dará?</div>
<div style="text-align: justify;">
Será que valerá a pena, afinal?</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Podem falar o que for sobre honestidade, humildade e obediência. Eu acho que hoje em dia o que funciona mesmo é ser esperto.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-25581046564877582122010-04-17T21:50:00.002-03:002014-01-20T13:33:43.480-02:00Carta Suicida (texto antigasso)Não chorem, não sintam pena de mim.<br />
Eu avisei que esse dia chegaria enfim.<br />
Sou melhor que vocês, sou boa assim.<br />
Sou a única digna de me dar esse fim.<br />
<br />
Não me venham com escrotos lamúrios.<br />
Nem me encham com suas lágrimas toscas.<br />
Não gosto de vocês, malditos infortúnios,<br />
Portanto saiam e me deixem com as moscas.<br />
<br />
Calem-se, dispenso a falsa piedade.<br />
Morri, me fui. Essa é a nova realidade.<br />
Matei-me sim, e o fiz com toda vontade.<br />
E por nem um segundo irei sentir saudade.<br />
<br />
Decidi rumar a novas aventuranças.<br />
Estar aqui só me traz desesperanças.<br />
Mas relaxem, porque não farei cobranças.<br />
Aos que ficam, deixo apenas más lembranças.Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-13011750451672613042010-04-07T18:56:00.005-03:002014-01-20T13:33:57.074-02:00Pensamentos Aleatórios de Fim de Tarde<div style="text-align: justify;">
Um final de tarde frio, um chá de hortelã e um cigarro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O noticiário na televisão fala sobre as mortes causadas pela chuva da madrugada. Já são quase duzentos corpos achados entre os escombros do desabamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olho pra você. À meia luz do quarto, o seu corpo se destaca estirado entre os lençóis, e seu rosto abriga uma expressão de sono pleno. Tão tranquilo que posso até palpitar que está tendo um sonho bom.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me vem na mente o aluguel para pagar até o fim de semana e o dinheiro contado na carteira. Temos comida e dinheiro suficiente para viver até o fim do mês. Logo estaremos os dois trabalhando e então as coisas hão de se ajeitar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda preciso tirar um dia para ir ao centro da cidade fazer algumas compras, e não seria nada mal se parasse de chover. Provavelmente irei na quinta-feira, e talvez aproveite para dar um alô a um amigo que não vejo já há tempos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Volto ao seu rosto. Com todas as reviravoltas que andam acontecendo, nada poderia me trazer mais segurança do que esse sorriso suave distribuído no canto dos seus lábios, onde tenho a certeza de estar guardado um beijo meu. E pretendo pegá-lo em breve.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E assim a tarde vai embora, junto com o chá frio e a bituca já apagada.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-91059616296648163112010-03-26T15:05:00.006-03:002010-03-26T15:14:33.947-03:00Florbela EspancaEnquanto a inspiração não vem, vou postando algumas das minhas prediletas:<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:180%;" >Para quê?!</span><br /><br />Tudo é vaidade neste mundo vão...<br />Tudo é tristeza; tudo é pó, é nada!<br />E mal desponta em nós a madrugada,<br />Vem logo a noite encher o coração!<br /><br />Até o amor nos mente, essa canção<br />Que o nosso peito ri à gargalhada,<br />Flor que é nascida e logo desfolhada,<br />Pétalas que se pisam pelo chão!...<br /><br />Beijos d'amor! Pra quê?!... Tristes vaidades!<br />Sonhos que logo são realidades,<br />Que nos deixam a alma como morta!<br /><br />Só acredita neles quem é louca!<br />Beijos de amor que vão de boca em boca,<br />Como pobres que vão de porta em porta!...Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-30683920239531179842010-01-16T00:00:00.004-02:002014-01-20T13:35:01.830-02:00Em Tempo<div style="text-align: justify;">
A virtude tornou-se uma peça da velha coleção de fardos.</div>
<div style="text-align: justify;">
O sonho, apenas uma piada maldosa.</div>
<div style="text-align: justify;">
O império tão almejado não passa de uma miragem desfeita que levou consigo boa parte do tempo, e seu castelo que antes parecia tão belo é agora uma pilha de pedras prestes a soterrar o pequeno pedaço de vida que ainda existe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E logo, quando a poeira baixar, será como se nada tivesse acontecido.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-19540402263683081192009-11-11T16:34:00.005-02:002009-11-13T02:01:47.518-02:00The Clown<a href="http://2.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/SvsFf7IRduI/AAAAAAAAAK0/RUFSDPp7l2k/s1600-h/Untitled-1.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;width: 285px; height: 400px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_Oe84SCeOnQ8/SvsFf7IRduI/AAAAAAAAAK0/RUFSDPp7l2k/s400/Untitled-1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5402918223967516386" /></a>Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-64300221644968075282009-11-09T18:40:00.007-02:002009-11-09T21:16:40.009-02:00NostalgiaA gota quente<br />de álcool e<br />o trago pesado<br />que o peito<br />estourado sente<br />trazem consigo<br />novamente<br />o pesar gelado<br />insuportável<br />e insistente<br />que a saudade<br />gosta de sentir<br />diariamente.Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-37999107570930627122009-10-20T13:38:00.007-02:002014-01-20T13:35:17.899-02:00Deimos<div style="text-align: justify;">
O medo é a bomba relógio que impera sobre todos os outros sentimentos humanos. É o ápice instintivo abrigado no id que o ego nunca será capaz de impedir ou de disfarçar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Costumam falar do amor, do ódio e da tristeza como sentimentos supremos. Tudo demasiadamente valorizado. Pois o medo, aquele do qual ninguém fala, é a causa e a destruição de toda e qualquer ação e reação natural.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Do medo ergue-se o orgulho, e sobre esse equilibram-se o amor e o ódio.</div>
<div style="text-align: justify;">
O medo de perder a honra, a guerra, o amado ou o filho.</div>
<div style="text-align: justify;">
O medo de não saber, de não estar, de não ser a parte pertencente de um todo. Medo de fracassar, de ser recusado, de ser rebaixado, de não ser aceito.</div>
<div style="text-align: justify;">
O medo da decepção, o medo da solidão, do abandono, da morte, da tristeza, da loucura. Medo de acabar na cadeia, no hospício, em casa ou no inferno.</div>
<div style="text-align: justify;">
O medo do desconhecido, do escuro, da rua, do quarto.</div>
<div style="text-align: justify;">
O medo de si ou até mesmo o medo do outro, pelo outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
O desespero, a fobia, a síndrome. O medo do próprio medo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa ilustre sensação que nos acompanha e suas engrenagens enferrujadas que, em meio a rangidos medonhos que ecoam quase como música no fundo de todos os pensamentos diários, movem um mundo de pesados maquinários, ao qual há muito tempo demos o nome de <span style="font-style: italic;">razão</span>.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-497330767954865667.post-104309516515091292009-10-13T15:07:00.008-03:002014-01-20T13:35:27.999-02:00A moça do lado de lá<div style="text-align: justify;">
- Que há, pequena garota dos olhos negros? Por que estás tão triste? – Lhe perguntei. Não obtive resposta alguma. Ela me espreita do outro lado, me mede.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seus ombros são estreitos; seus seios, medianos; sua barriga possui curvas singelas: costelas quase sobressalentes, cintura bem fina, que escorrega suavemente para um quadril largo, arredondado. Uma penugem preta recém-aparada esconde seu lado mulher, seu sexo. Suas coxas semi-carnudas se afinam à medida que desço o olhar. Suas pernas são razoáveis e encontram-se imóveis, pregadas ao chão.</div>
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Ela possui um corpo pequeno, de aparência frágil, diferente de seu olhar... não, sua realidade é crua, exausta. Seus olhos fundos e seus cabelos curtos e molhados, penteados com desleixo para trás, lhe geram uma expressão que poderia ser cruel, se não fosse tão triste, tão deprimente.</div>
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Uma lágrima brota em seu olho esquerdo, rola rapidamente por sua face, tocando de leve seus lábios cerrados, e se acaba por despencar silenciosamente em seu colo.</div>
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- Por que choras tais lágrimas de piedade, moça? - Voltei a perguntar - Por que estás tão triste?</div>
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Ainda nenhuma resposta. Sinto raiva em seu estar. Fujo o olhar do dela, e ela faz o mesmo, mas logo voltamos a nos encarar. Ela se descontrola, me xinga, se bate. Mais e mais lágrimas começam a surgir, atropelando umas às outras. Ela se desloca para trás, ao encontro da parede fria, e vai escorregando lentamente até o chão. Ajoelha-se, as mãos levadas à boca. O rosto avermelhado demonstra agora uma expressão de desespero. Respira com dificuldade, em meio a soluços, como se lhe faltasse o ar. Ela se descabela e esconde os olhos, me tapando a visão por detrás das pequenas palmas frias.</div>
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- Estou cega, diz.</div>
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Mas logo retoma o controle, enxuga a face, arruma os fios despenteados. Se põe em pé, e novamente suas feições se contraem em um olhar raivoso, e ela volta a me encarar. Nos aproximamos... cada vez mais perto. Centímetros de distância entre sua boca e a minha. Posso respirar sua alma, seu passado. Consigo compreender seus fardos.</div>
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Subitamente, ela recua. Seu rosto se contorce em ódio puro. Ela ergue o punho, decidida, e o leva em minha direção. Em um estrondo, me despeço em mil pedaços, que caem no chão, um a um.</div>
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Olho para os lados, nada de garota. Alívio. Minha mão pinga vermelho vivo pelo piso preto opaco deste cubículo. Olho para baixo e lá está a realidade, abstrata, em pedaços, a me olhar com os velhos olhos negros.</div>
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Piso em seus cacos, me visto, a ignoro. Por hora, estou salva. Mas sei bem que logo ela estará de volta a me assombrar.</div>
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- Quando vais embora? - pergunto.</div>
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Nunca.</div>
Juliana Cominattohttp://www.blogger.com/profile/13267305614527276056noreply@blogger.com2