segunda-feira, agosto 17, 2009

Semblante

Ele me apareceu do nada e veio como quem nada queria.
Não como um presente divino e menos ainda como um incômodo.

Já desde um primeiro segundo desconfiei que seria difícil me livrar dele tão cedo. Eu segurava uma lata e um cigarro enquanto ele me observava com seus olhos amendoados e me mostrava sua alma em um sorriso simplório e honesto.
Hoje, portanto, como já bem sabia, sua presença tornou-se unicamente necessária. Sua voz, seu cheiro, sua risada. Cada detalhe tornou-se a essência de um todo que carrego comigo dia após dia, em pequenas prestações.

Não importa onde ou quando, ele simplesmente está lá, em cada singelo momento, em pensamento, em carne ou na simples forma de um sorriso cortês. Ele presencia as vitórias e as derrotas, as piadas e os mau-humores, assistindo atentamente a cada riso e, por outro lado, prestando auxílio exclusivo a toda e qualquer lágrima que possa eventualmente brotar. 
E ainda hoje não perde um só movimento, me levando a um ponto em que posso jurar que consegue ler um mundo de pensamentos através de uma só expressão, mesmo que absolutamente inexpressiva.
Ele pinta cada minuto com ondas de cores tão vivas, que eu nem sonhava em um dia conhecer, e interpreta cada palavra que falo melhor até do que eu mesma seria capaz.

Muito mais do que eu pude um dia querer, e ainda assim tudo o que eu sempre quis:
O meu karma roubado, um universo.
E eu pretendo guardá-lo por uma eternidade e meia.

Um comentário:

  1. Que lindo isso, Ju. Fico até feliz ao ler esse texto, tamanha é a felicidade que dele transborda. =)
    Beijos!

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